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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Entre gerações: qual o melhor momento de trazer uma nova franquia? - Baixaki Jogos



Mais do que apresentar o PlayStation 4, a conferência da Sony na semana passada trouxe também as primeiras imagens daquilo que a nova geração tem a nos oferecer. Gráficos incríveis e detalhes por todos os lados chamaram a atenção dos fãs, que se deleitaram diante de Killzone: Shadow Fall e inFamous: Second Son.
E se você acompanha o mercado há algum tempo já deve ter reparado que o anúncio dessas sequências e o destaque dado a cada uma delas foi algo cuidadosamente pensado para alavancar as vendas do console tão logo ele chegue ao mercado. Todas as fabricantes trazem uma franquia de peso à sua nova plataforma como forma de incentivar o jogador a procurar aquela novidade. É quase como um selo de garantia, pois você sabe que poderá comprar o novo aparelho sem medo de se decepcionar com aquele jogo desconhecido.
No entanto, o mercado não funciona de maneira tão simples assim. É claro que esse tipo de estratégia acontece — basta se lembrar de Uncharted: Golden Abyss no PlayStation Vita e New Super Mario Bros. U no Wii U —, já que é muito interessante para Sony, Microsoft ou Nintendo saber que seu console vai vender bem já início. Trazer um rosto conhecido pode ser sinônimo de que a geração vai começar com o pé direito. Porém, com as desenvolvedoras, a situação muda um pouco de figura.
O Dilema GuillemotUm novo brinquedo para ser exploradoNo final do ano passado, quando os rumores sobre a nova geração ainda estavam dando seus primeiros passos, o diretor-executivo da Ubisoft, Yves Guillemot, deu uma entrevista ao sitePolygon reclamando sobre o excessivamente longo tempo de vida do PlayStation 3 e Xbox 360. Segundo ele, longos períodos com um mesmo console são nocivos à indústria, já que não vale a pena lançar uma nova franquia perto do ciclo dos aparelhos está perto do fim e que o lançamento de um novo aparelho é ideal para isso.
Mas espere aí, qual o sentido disso? Levando em consideração a base de usuários, não seria muito mais vantajoso trazer uma nova ideia — ou seja, algo que ninguém conhece — para um video game que milhões de pessoas já têm, o que pode significar um número muito mais significativo de vendas do que oferecer esse mesmo conceito para um sistema que apenas meia dúzia de indivíduos se arriscou a comprar?
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E a resposta é sim, tanto que estúdios como CapcomQuantic Dream e Naughty Dog ainda acreditam no potencial de vendas da atual geração com Remember MeBeyond: Two Souls eThe Last of Us, por exemplo. São investimentos a curto prazo que querem atingir exatamente essa grande massa de usuários; uma aposta segura.
Por outro lado, há estúdios como a Ubisoft, que preferem pensar além e tentar se estabelecer naquilo que ainda está por vir. Como Guillemot explicou ao Polygon, essa troca de geração é o melhor momento para se arriscar e tentar criar algo novo.
Para ele, não faz sentido criar franquias inéditas no fim de vida de um console pelo simples fato de que não é isso o que a grande maioria dos jogadores quer. Apesar de os jogadores hardcore procurarem novidades, a maior parte do público prefere optar pela segurança de franquias já conhecidas, o que torna o desenvolvimento de novas ideias algo não tão vantajoso assim.
A sequência vende, o novo atrai
Tudo isso pode parecer bastante confuso — e realmente é —, mas não é complicado encontrar a lógica por trás do pensamento que algumas produtoras adotaram no que diz respeito à troca de geração. No caso da Ubisoft e a “lógica Guillemot”, o principal ponto é a base de referência.
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Vamos supor que Watch Dogs chegará apenas ao PlayStation 3 e Xbox 360. A boa impressão que o título passou desde seu anúncio na última E3 e a grande quantidade de consoles espalhados ao redor do mundo são fortes indicativos de que o título pode vender muito bem quando chegar às lojas. Por outro lado, isso não descarta a possibilidade de ele não despertar o interesse dos jogadores e ainda encarar a concorrência de outros títulos de peso e de franquias já bem estabelecidas. Se você tivesse de optar pelo desconhecido Watch Dogs e o já aclamado GTA V, qual seria sua escolha?
No entanto, ao inverter a situação, a base de referência muda. Por mais que o número de video games seja consideravelmente menor, a quantidade de outros títulos disputando a atenção do consumidor é bem menor. É claro que isso pode — e vai — refletir nas vendas e em um retorno a curto prazo, mas permite que você se estabeleça em um “segmento” novo e ainda a ser desbravado, garantindo um retorno futuro.
É por isso que esse início de vida de um video game é tão interessante para as produtoras. Para elas, esse é o melhor momento para inovar e experimentar coisas novas. Por mais que o título corra o risco de não vender tanto quanto na atual geração, trata-se de um risco que pode muito valer a pena a médio e longo prazo.
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Sem grandes concorrentes, novas franquias podem se estabelecer e virar referência naquela plataforma em vez de ser “apenas mais um” lutando por seu lugar ao sol. Apesar de ninguém conhecer Uncharted quando Drake’s Fortune chegou ao PS3, o título virou um ícone da geração exatamente por trazer uma ideia nova que aproveitava tudo o que o sistema oferecia.
E a melhor forma de explicar isso vem diretamente dos estúdios da Electronic Arts. De acordo com o presidente da EA Labels, Frank Gibeau, a dinâmica de mercado não premia séries que surgem no fim de uma geração e que a melhor forma de lançar algo assim é atrelar a imagem desse jogo que ninguém conhece com as expectativas em torno da tecnologia e dos recursos que um novo console oferece. Tanto que o estúdio confirmou ter entre três e cinco projetos em andamento para PS4 e o próximo Xbox.
Planos e riscosQuando o marketing deve agirÉ claro que esse tipo de posicionamento é algo muito arriscado, já que qualquer erro pode trazer resultados catastróficos. É por isso que o marketing é uma ferramenta muito importante na hora de posicionar essas novas franquias no mercado, principalmente por conta do investimento necessário para chegar ao mesmo ponto desejado.
Voltemos ao exemplo de Watch Dogs sendo exclusivo desta geração. Se isso realmente viesse a acontecer, a Ubisoft teria de gastar milhões de dólares em campanhas para promover o título e mostrar porque você deve comprá-lo em vez de conferir o novo Call of DutyBattlefield ou o próprio Assassin’s Creed. Com tantas opções disponíveis, é preciso um esforço absurdo para mostrar o diferencial de seu produtor e provar que ele realmente vale a pena.
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Por outro lado, um novo console traz publicidade gratuita. Todos querem saber o que Sony e Microsoft vão oferecer em suas novas plataformas e ter um game já destinado para elas exige menos esforço em campanhas de divulgação, pois ele estará no foco de toda a discussão e interesse. É muita mais fácil despertar a atenção ao enaltecer essa imagem de que “o futuro chegou” e que seu jogo faz parte dele.
Mais gastos
Além disso, os próprios investimentos em desenvolvimento entram na conta na hora de definir quando é o melhor momento de trazer uma nova franquia. Trabalhar em uma nova engine e preparar um novo universo exige um investimento absurdo por parte das empresas e, portanto, não é tão interessante estreá-la em meio a tantos outros jogos que já se destacam, correndo o risco de falhar.
Além disso, projetá-la pensando no fim de uma geração também exige trabalho redobrado, já que você terá de adaptá-la ou recriá-la do zero no momento em que for levá-la para o novo console — sem falar que permite que outros estúdios passem na sua frente. É por isso que muitas companhias apostam nos chamados cross-gen, ou seja, em títulos que chegam tanto para os sistemas atuais quanto para os novos.
O que esperar?
Com o PS4 já anunciado e a Microsoft preparando o sucessor do Xbox 360, não é difícil imaginar o que está por vir. Certamente teremos muitas franquias inéditas surgindo nos primeiros dois anos dos consoles, tentando estabelecer marcas na nova geração. E como é o dinheiro que move o mundo, podemos esperar vários cross-gen também aparecendo neste período.
Por outro lado, os estúdios ligados às fabricantes devem continuar apostando em sequências, visando exatamente atingir o público que quer a segurança de que aquele novo console terá algo que ele gosta e sabe que é bom e vai gostar.

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